domingo, 29 de janeiro de 2012

Salvem a fita métrica

Ter o braço alisado por outro gay é algo que me causa profundo incômodo. O ato me soa libidinoso, e geralmente ocorre depois de uma troca rápida de palavras em duas situações: quando você é apresentado a alguém ou encontra com quem há muito não vê. Trata-se de um ritual para verificar se os obrigatórios exercícios de bíceps e tríceps na academia estão surtindo efeito. Braços muscolosos só não exercem mais fascínio que pau grande para homens que precisam existencialmente reafirmar a sua masculinidade.

Não são raros os casos de casais gays que competem entre si pra ver quem possui o corpo, em especial os braços, mais tonificados. Eu mesmo quase me afoguei nestas águas quando, há alguns meses, meu namorado deixou para trás o aspecto franzino e alcançou a tão desejada hipertrofia. Meus questionamentos cresciam na mesma proporção que seus centímetros, muito em virtude de seu silêncio sobre essas mudanças. Talvez ele tivesse medo de assumir intimamente a busca pelo padrão, ou então quisesse justamente a aprovação daqueles que costumam alisar os braços.

O mais irônico nisto tudo é que, por mais músculos que se alcance, isto não significa necessariamente que se avance casas no quesito masculinidade. Tampouco fará com que as pessoas próximas gostem mais de você. Para quem defende que puxar ferro melhora a autoestima, pergunto: o esforço é para atender a critérios pessoais ou aos dos outros? Provavelmente a maior "vantagem" nisto tudo será ter o braço alisado. Salvem a fita-métrica.